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sexta-feira, 4 de julho de 2014

MÚSCULO: O HERÓI DESCONHECIDO



Saiba um pouco mais da estrutura que o Fisioterapeuta tanto trabalha
Músculo. Quando ouvimos essa palavra, vem-nos logo à mente um corpo forte, capaz de levantar uma carga extraordinária de peso, fruto de horas de dor, suor e dedicação a exercícios duros e puxados. De qualquer modo, é impossível ignorar por completo a presença dessa massa que corresponde a aproximadamente um terço do nosso peso.
Revestindo o esqueleto e coberto de pele e de camadas de gordura, os músculos também dão forma e definição ao corpo, conforme aparecemos na foto, o nosso visual. Mas, apesar disso, os músculos não recebem a devida atenção dos seus proprietários. São vistos apenas superficialmente, de forma simples, estética, fútil e leviana.
Quando comparada a complexos órgãos e sistemas do organismo, a função muscular parece arcaica e rudimentar, especialmente nos nossos dias, em que há máquinas e ferramentas capazes de realizar trabalhos braçais variados.
Todos que desfrutamos de uma vida saudável devemos prestar homenagem ao músculo, esse herói desconhecido que batalha a vida inteira não só para que realizemos obras, mas também tenhamos liberdade com saúde e bom humor.
Por trás das aparências, a importância fisiológica do tecido muscular para o corpo e a sua contribuição para o nosso equilíbrio físico e emocional, ultrapassa os limites anatômicos. Olhar além da imagem estereotipada e reconhecer a importância do músculo, ajuda, por exemplo, a compreender melhor o nosso metabolismo e a concluir a respeito da alimentação ideal e o tipo de atividade física mais apropriada para um estilo de vida saudável. Vamos procurar entender como esse maravilhoso motor biológico funciona, e compreender a verdadeira capacidade desse tecido super influente e representativo para todo o organismo.

Um veículo maravilhoso
Uma série de reações fantásticas ocorre no corpo humano para que ele goze do privilégio de se locomover. Nenhuma outra função no organismo demanda maior atenção do que o seu deslocamento, e, portanto, os músculos requerem enorme assistência nutricional, vascular, nervosa, sanguínea, endócrina e enzimática.
A nossa locomoção representa uma atividade metabólica muitíssimo superior a qualquer outra no organismo. Isso significa que, para exercer a sua função, os músculos necessitam de consumir e armazenar mais água, oxigênio e nutrientes do que qualquer outro tecido do corpo. Para melhor compreender esse processo, devemos estar familiarizados com a função do cérebro em relação aos músculos e com todos os órgãos e sistemas do organismo.
Entre o cérebro, sangue, neurónios e músculos funciona uma verdadeira engenharia biológica que a maioria de nós desconhece ou não aprecia. São maravilhosas reações elétricas, químicas e mecânicas que finalmente nos possibilitam locomover livremente, literalmente à vontade. É a oportunidade de apreciarmos o cérebro em ação. Direta ou indiretamente, todos os órgãos e sistemas do corpo humano trabalham para que os músculos possam exercer o direito fisiológico do cidadão de ir e vir.
O organismo “acostumado” com o desafio fisiológico promovido pela atividade dinâmica, não só desenvolve a sua musculatura, mas também, uma maior capacidade de armazenar energia – resistência.

A importância do efeito locomotor
Para funcionar como deve ser, o nosso organismo necessita regularmente do efeito locomotor: ele precisa passear. A qualidade das nossas complexas atividades autônomas depende de um estímulo voluntário que determine as simples contrações musculares ritmadas. Assim reza a fisiologia: do corpo que pulsa, emana saúde. A atividade muscular dinâmica é a mais importante determinante da qualidade de vida. O fato do tecido muscular raramente desenvolver as patologias que normalmente afetam de forma aguda outros tecidos, como o infarto, derrame ou mesmo cancro, pouco despertou interesse por parte das áreas de saúde no passado.
O desconhecimento das propriedades fisiológicas da musculatura esquelética tem contribuído para a perpetuação de graves problemas que desenvolvem doenças decorrentes do mau funcionamento do nosso organismo. Todos sabemos que, se o miocárdio repousar durante pouco mais do que alguns segundos, como numa paragem cardíaca, o organismo poderá sofrer graves consequências irreversíveis. No entanto, o que pode acontecer com o organismo que pouco utiliza a sua musculatura esquelética?
À primeira vista, podemos logo observar um ligeiro aumento de peso, o que reflete o excesso de gordura corporal. Esse excesso, no entanto, não escolhe lugar para acumular e o próprio tecido muscular torna-se vítima desse ciclo vicioso. O acúmulo de gordura no tecido muscular provoca a inibição do transporte de glicose para o interior das suas fibras, as maiores consumidoras de açúcar de todo o corpo. Como consequência, tem início a intolerância glicêmica, com o aumento da produção e da secreção de insulina, que vão gerar a diabetes do tipo 2, macro doença crónica capaz de envolver todo o organismo, pelo resto da vida.
Pagamos um preço elevadíssimo ao negligenciarmos o imenso poder do efeito locomotor. Por trás das suas inocentes contrações, os músculos são capazes de gerar uma sequência de poderosas reações instantâneas, além de diversos efeitos crônicos em todo o organismo.

A lei da falta de uso
Para o nosso corpo, a simples contracção muscular dinâmica é uma atividade holística, essencial para a sua saúde, e que determina o seu grau de degeneração conforme envelhecemos.
Até aproximadamente os dez ou doze anos de idade, a maturação do sistema nervoso central favorece o desenvolvimento motor natural das crianças de ambos os sexos, não havendo diferenças significativas de força entre elas. No entanto, após essa idade, os meninos tornam-se continuamente maiores e mais fortes, devido à maior secreção hormonal da testosterona no sexo masculino.
Em adultos com o peso ideal, a massa muscular corresponde entre 25 a 35% do peso total na mulher, e entre 40 e 45% nos homens. A capacidade máxima de força dos rapazes é atingida por volta dos vinte anos de idade, quando passa a sofrer um declínio gradual. Com o envelhecimento, a redução da quantidade de motoneurônios é responsável pela redução do número de fibras musculares, a sarcopenia. Sendo assim, apesar de manter a mesma qualidade individual de contração, aos 65 anos de idade, um indivíduo terá entre 75 e 80% da força de que dispunha na sua juventude.
Além dos empecilhos diretamente causados pela sarcopenia na locomoção, a saúde do idoso também se encontra prejudicada pela ausência efetiva do efeito locomotor em todo o organismo.
O grau de envolvimento e a velocidade de desenvolvimento da sarcopenia dependem profundamente da qualidade de vida.

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