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terça-feira, 1 de julho de 2014

FISIOTERAPIA NA LUTA CONTRA O CÂNCER DE MAMA



Pouca gente sabe que existe fisioterapia para mulheres que lutam contra o câncer de mama
Todos os anos, no Dia Internacional da Mulher (08 de Março), se fala muito sobre importância da prevenção contra o câncer de mama. A professora Adriana Fontana Carvalho, coordenadora da Clínica de Fisioterapia da Unopar, em Londrina, resolveu aproveitar a data para falar de um tratamento pouco divulgado mas essencial para as mulheres que passaram por cirurgias de mastectomia: a fisioterapia para mastologia oncológica. O tratamento, gratuito, não serve apenas para mulheres que retiraram a mama mas é importante para todas as que tiveram a doença.

“Pouca gente sabe que existe fisioterapia para mulheres que lutam contra o câncer de mama”, destaca a professora Adriana. “Essas mulheres passam por radioterapia, quimioterapia e outros tratamentos associados à retirada do tumor, que muito frequentemente causam uma série de sequelas”, explica.

Entre as sequelas podem surgir inchaço e infecções no braço, provocados pela falta dos linfonodos. Conhecidos como gânglios linfáticos, os linfonodos são responsáveis pelo equilíbrio hídrico e defesa imunológica. No entanto, eles também são a principal via de metástase do câncer e por isso, quando comprometidos, são retirados nas mastectomias. Sem os linfonodos, o braço incha e fica mais suscetível a infecções. “Mulheres que passaram por mastectomia precisam ter um cuidado especial com o braço afetado. Ele não deve ser machucado, queimado, exposto ao sol. É recomendável que as mulheres não tirem nem as cutículas das unhas”, alerta Adriana.

A retirada da mama às vezes causa alterações posturais, por causa do desequilíbrio do peso das mamas e também em função da ocasional retirada de massa muscular. Por isso, a prótese não é uma questão só de estética mas também de saúde. A professora Adriana alerta que ela precisa ser usada no tamanho adequado. “Temos visto casos de mulheres que usam meias recheadas de alpiste para colocar dentro do sutiã, no lugar da mama retirada. Isso é perigoso pois a prótese precisa ter o mesmo tamanho e o mesmo peso da mama, assim como naturalmente as duas mamas têm pesos e volumes iguais no corpo feminino”, diz ela. As próteses são confeccionadas em silicone e de acordo com a necessidade individual de cada paciente. O SUS fornece gratuitamente e as trocas podem ser feitas a cada dois anos.

Outra sequela são as fibroses e aderências no local da cirurgia e também no local atingido pela radioterapia. Elas limitam a amplitude do movimento do ombro. “Também não podemos esquecer da dor, que aparece principalmente na fase inicial da recuperação após a cirurgia”, indica Adriana.

A fisioterapia têm exercícios para curar ou amenizar todas essas complicações e quanto antes a mulher procura ajuda, melhor é o prognóstico. “Se elas chegam aqui no início das sequelas muitas vezes conseguimos uma recuperação total através de exercícios específicos”, garante Adriana. A Clínica utiliza drenagem linfática (que é diferente da usada na estética), exercícios terapêuticos, de realinhamento postural, liberação de fibroses e aderências e também hidroterapia.

“Fizemos um estudo procurando entender quais os benefícios da hidro para pacientes de mastectomia e observamos uma melhora importante”, relata a professora, que defendeu tese de mestrado sobre o tema. A Clínica mantém um grupo de hidroterapia com aulas semanais para mulheres que tiveram câncer de mama.

Benefícios emocionais

Márcia Chagas Cavenaghi, 52 anos, luta contra o câncer desde 2008. Casada e mãe de dois filhos, ela passou por cirurgias no ovário, intestino e depois uma mastectomia, em maio de 2011. Logo em seguida Márcia procurou a Clínica de Fisioterapia da Unopar. “Eu tinha inchaço no braço e perdi quase todo o movimento. Não conseguia estender roupa nem pentear o cabelo. Depois que comecei os exercícios, estou muito melhor, recuperei a mobilidade, estou fazendo academia e hidroginástica. Já levanto peso de 3 quilos com esse braço!” comemora.

Ela conta que o contato com outras mulheres que também lutam contra o câncer trouxe esperança e muitas informações úteis: “Às vezes a gente vem com dor no braço mas o problema maior é na cabeça, sabe? As amizades que fazemos aqui, a atenção que recebemos também são muito importantes para a nossa recuperação”.

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