Sem causa ou exame específico, a fibromialgia pode atrapalhar a qualidade de vida e as relações pessoais dos indivíduos
A
fibromialgia é uma síndrome causada por problemas no caminho percorrido
pelos sinais dolorosos no organismo. O principal sintoma é a dor difusa
e generalizada por todo o corpo. Segundo o reumatologista Milton
Helfenstein Jr., de São Paulo, o que ocorre é que o sistema de
comunicação da dor nesses indivíduos trabalha de forma excessiva ou
interpreta erroneamente um estímulo pouco doloroso, como sendo muito
doloroso.Outro fator que deve ser levado em conta é o grau de desconhecimento da síndrome, inclusive por alguns médicos. De acordo com a pesquisa “Fibromialgia: além da dor”, conduzida pelo Instituto Harris Interactive, a pedido da Pfizer, até o momento do diagnóstico a fibromialgia é uma condição desconhecida para 70% dos pacientes brasileiros. O levantamento também destaca que, no Brasil, 98% dos pacientes concordam que a fibromialgia é uma doença que não se conhece bem, enquanto que 77% dos clínicos gerais e 84% dos especialistas acreditam que a enfermidade não é muito conhecida, inclusive, entre os próprios médicos.
Milton Helfenstein Jr. ressalta a importância da atenção aos sintomas. “São sinais que prejudicam bastante a qualidade de vida do individuo, nos âmbitos profissionais, sociais e afetivos. É fundamental que sejam bem investigados pelo médico e, a partir do diagnóstico definitivo, o círculo social do paciente precisa compreender a condição do indivíduo e aprender a lidar com isso da melhor forma possível”, orienta. Para que cônjuges, amigos e familiares saibam da complexidade dessa amplificação da dor, os termos técnicos dos sintomas são:
• Alodínia – sensação dolorosa causada por estímulos que habitualmente não causam dor, como um leve toque;
• Hiperestesias – respostas exageradas aos estímulos tácteis, como aos lençóis de cama;
• Hiperalgesia – sensibilidade exagerada a estímulos dolorosos;
• Hiperpatia – persistência da dor mesmo após a remoção do estímulo doloroso;
• Parestesias e disestesias – sensações anormais e desagradáveis descritas como formigamento, dormência, picadas.
Além da dor, os sintomas da fibromialgia envolvem cansaço, sono não reparador (diversos distúrbios do sono que fazem o paciente sair da cama cansado), distúrbios de concentração e memória, e até cefaléia, tontura, sensação de inchaço, palpitação, dormências nos membros e transtornos do humor. Apesar da alta prevalência em mulheres da faixa etária de 30 a 60 anos, a doença também atinge homens e jovens. “Existem casos de filhos de mulheres fibromiálgicas apresentarem os sintomas da doença antes mesmo dos 18 anos”, relata o reumatologista. “O que se sabe é que a doença é oito vezes mais frequente em mulheres do que em homens e, em número de pessoas atingidas, a prevalência chega até 10% em alguns países e 2,5% da população brasileira”.
Clima úmido, tensão, sedentarismo, postura incorreta, depressão, ansiedade e problemas emocionais são alguns dos fatores que contribuem para o agravamento do quadro da fibromialgia. “Por conta de todos esses fatores, é essencial que aqueles que convivem com fibromiálgicos tenham uma postura positiva. Isso ajuda tanto os pacientes, que se sentem mais motivados a seguir as orientações médicas, quanto o próprio relacionamento, evitando desgastes que podem contribuir para a piora do quadro”, alerta Helfenstein Jr.
Para ajudar a lidar com a fibromialgia, o tratamento precisa ser multidisciplinar e acompanhado pelo médico. Entre as opções de terapias farmacológicas, existem medicamentos que ajudam no controle dos sintomas, como analgésicos e relaxantes musculares. Utilizam-se ainda antidepressivos e neuromoduladores – nesta classe, existe Lyrica (pregabalina), que atua diminuindo o excesso de mensagens de dor transmitidas dos nervos para o cérebro e, além de amenizar a dor, melhora a qualidade do sono do paciente e reduz a ansiedade. Vale ressaltar que o paciente deve sempre consultar um médico para fazer o diagnóstico correto e indicar o tratamento mais adequado para cada caso.
O reumatologista reforça ainda a necessidade da prática de atividades físicas como caminhada, hidroginástica, natação e alongamentos, tanto para obter um condicionamento físico quanto para perder ou manter o peso adequado. Atividades como essas podem ser feitas isoladamente ou em grupo. “A fibromialgia não é um motivo para o paciente se isolar socialmente. Tudo é uma questão de compreensão, mudança de estilo de vida, atitude positiva, além do acompanhamento médico e aderência ao tratamento recomendado”, conclui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário