Três
articulações compõem a articulação do joelho: tibiofemoral medial,
tibiofemoral lateral e patelofemoral, que compartilham a mesma bainha
sinovial.
Com
o intuito de promover sinergia durante os movimentos, esta articulação
apresenta um sistema integrado de estabilização a partir da interação de
ligamentos, que conferem a estabilidade do joelho e um par de meniscos
intra-articulares, que atuam de forma a reduzir cargas de contato entre
fêmur e tíbia.
São cinco os ligamentos principais:
- colateral fibular;
- colateral tibial;
- cruzado anterior;
- cruzado posterior;
- poplíteo oblíquo.
O
LCA insere-se na parte anterior do platô tibial e estende-se para cima e
posteriormente no côndilo femoral lateral. Durante a flexão do joelho,
o LCA roda 90° em torno dele mesmo, com a função de manter a
estabilidade anterior da articulação.
Para
McRae (2011), durante aproximadamente os últimos 10° de extensão do
joelho, os ligamentos articulares são torcidos de modo tenso, resultado
da rotação medial do fêmur sobre a tíbia; no início da flexão, esta
tensão é anulada pela rotação lateral do fêmur, auxiliada pela rotação
do músculo poplíteo.
Em
geral, a lesão do LCA decorre de acidentes automobilísticos, atividades
competitivas ou recreacionais, combinados a movimentos de
desaceleração, estresse em valgo ou rotação(pé fixo e a perna roda).
As
lesões podem ser parciais ou totais. A lesão parcial é a mais
freqüente, em que o ligamento se encontra lesado em apenas uma parte e a
incapacidade é temporária. Quando há ruptura completa do ligamento, a
opção pela intervenção cirúrgica dependerá da sintomatologia apresentada
pelo paciente. Existem pessoas que conseguem conviver com a lesão, a
partir de fortalecimento muscular e exercícios de propriocepção, mas
existe um outro grupo que é dependente deste ligamento, ou seja, mesmo
após realizar o tratamento conservador, continuam apresentando falta de
confiança e sensação de "desencaixe" do joelho após atividades
extenuantes. Neste caso, torna se necessário o procedimento cirurgico. O
reparo direto do LCA se dá por reforço do ligamento ou por reconstrução
utilizando por exemplo parte do ligamento da patela e suas fixações
ósseas.
Alguns
sintomas acompanham o paciente após a lesão e são eles: instabilidade
na articulação, derrame recorrente, falta de confiança no joelho,
dificuldade/incapacidade de realizar atividades de alta intensidade,
dificuldade para deambular em terrenos irregulares e dificuldade para
utilização de escadas. Em geral, quando o ligamento cruzado anterior é
lesado outras estruturas podem ser acometidas e isso varia de acordo com
a biomecânica do movimento que deu origem a lesão como por exemplo: uma
lesão em movimento de pivô (rotação) possivelmente acometerá o LCA e o
Menisco Medial; em desaceleração e estresse em valgo colocam em risco outras estruturas.
Pontos a serem avaliados: edema, coloração, temperatura, marcha, sensibilidade e análise de dor.
Pontos a serem avaliados: edema, coloração, temperatura, marcha, sensibilidade e análise de dor.
Testes
a serem realizados: gaveta anterior. Para detectar se houve
acometimento do ligamento colateral tibial, refaça o teste de gaveta com
o posicionamento do pé em rotação externa de 15°.
Já
o teste de gaveta anterior com o pé posicionado em rotação interna 30°,
tendo como resultado subluxação anterior do côndilo lateral da tíbia,
confere instabilidade rotacional anterolateral com possível lesão do
LCP, LPO e LCA.
Realize
também manobra de Mc Murray para menisco medial, também pode ser
realizado o teste de compressão de Apley, estas são apenas sugestões.
TRATAMENTO CIRÚRGICO
A
cirurgia de reconstrução é feita com auxílio da artroscopia e devido a
baixa capacidade de cicatrização do LCA e por não se conseguir realizar
sutura, é utilizado um enxerto autólogo proveniente de outro ligamento
ou de um tendão (os mais frequentes são o patelar e de flexores do
joelho) para substituição do LCA. A cirurgia tem duração média de 1
hora.
TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO
O tratamento de Fisioterapia inicia-se ainda em ambiente hospitalar e nesta fase os objetivos maiores são a redução do edema e ganho de mobilidade. Vale ressaltar que durante as duas primeiras semanas é necessário a utilização de muletas para que o paciente não sobrecarregue a perna operada.
Alguns aparelhos eletrotermofototerapêuticos podem ser utilizados nessa fase: o ultrassom (fonoforese) como auxiliar antiinflamatório, o laser de baixa potência ( atua na cicatrização), alta frequência (bactericida e fungicida), dentre outros.
Exercícios isométricos de adução e abdução de quadril, com o paciente deitado, podem ser realizados.
Exercícios respiratórios, com o intuito de preparar o paciente para a segunda fase onde serão iniciados exercícios do CORE, também podem ser incluídos.
Segunda fase: Fortalecimento
Nesta fase inicia-se o processo de fortalecimento muscular, portanto, a utilização da corrente russa + exercício respeitando angulação do joelho torna se bem interessante, uma vez que com este tipo de estimulação consegue-se gerar uma contração de todas as fibras musculares do músculo escolhido e apresenta bons resultados.
A Fisioterapia, a partir desse momento, passa a ser todos os dias, pois o paciente recebe uma lista de exercícios para fazer em casa, nos dias em que não realiza o tratamento com o fisioterapeuta.
O fortalecimento da musculatura posterior de coxa e glúteos não pode ser esquecido.
Terceira Fase: Propriocepção
Os exercícios proprioceptivos são aplicados com o intuito de trabalhar capacidade de reação de proteção e equilíbrio do paciente. Trata-se de exercícios que associam força, postura, alongamento, equilíbrio e são realizados com o auxílio de bastões, AIREX, Bosu, Fisioball, step, dentre outros. Além disso, podem ser realizados exercícios de deslocamento lateral, aceleração e desaceleração.
Os exercícios desta fase solicitam muito do paciente, devendo o mesmo apresentar um bom controle corporal, especialmente de tronco, para que não compense com outras musculaturas em um dado exercício.
Os exercícios de alongamento se inserem em todas as fases. Particularmente, eu utilizo preferencialmente o método de alongamento músculo-energia, pelo relaxamento proporcionado às fibras musculares, proporcionando significativo ganho de amplitude articular.
Atletas apresentam recuperação física em cerca de 4 meses, porém a cicatrização por completo do novo ligamento ainda poderá não ter acontecido. Sendo assim, é melhor não arriscar, logo, a recuperação completa dura em torno de 6 meses.
Resolvi
escrever esta matéria em homenagem a um paciente de 37 anos que atualmente esta em tratamento de lesão de LCA e na
expectativa de retorno para sua vida normal!
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