Os adutores são um
conjunto de músculos que se estendem pela face interna da coxa, desde a virilha
até ao joelho.
A principal função
dos adutores é puxar os membros inferiores para a linha média, um movimento
chamado de adução. Durante a marcha, eles são activados para puxar o
membro inferior oscilante para o centro de forma a manter o equilíbrio. Também
são usados extensivamente na corrida, futebol, corrida de obstáculos e qualquer
desporto que exija mudanças rápidas de direcção.
Uma ruptura muscular nesta região pode ser causada pelo
estiramento brusco dos músculos da virilha, pela contracção repentina combinada
com a rotação do corpo em carga ou por um episódio de sobrecarga num período
relativamente curto de tempo, como uma maratona ou numa prova de ciclismo por
exemplo.
Desportos que requerem explosões de velocidade, como
certas modalidades do atletismo, o futebol ou o basquetebol aumentam o risco de
lesão. Assim como a fadiga muscular, pouca flexibilidade e a falta de
aquecimento prévio à prática desportiva.
Todas as rupturas musculares podem ser graduadas
de 1-3, consoante a
gravidade da lesão.
- O grau I corresponde a pequenas lesões (até 10% das fibras musculares envolvidas).
- No grau II existe lesão de até 90% das fibras musculares,
- O grau III implica a ruptura de mais de 90% das fibras musculares ou uma ruptura completa. Estas últimas geralmente ocorrem junto à transição de músculo para tendão ou já no próprio tendão em si.
Nos casos de sobreuso deste grupo muscular o tendão dos
músculos adutores pode também sofrer pequenos dados repetitivos, com consequente inflamação, seguida de degeneração e perda das qualidades do tecido fibroso do tendão, dando origem a uma tendinopatia dos adutores da coxa.
Sinais e sintomas/ Diagnóstico
Rupturas de Grau I:
- Desconforto na virilha ou face interna da coxa. Poderá sentir apenas após parar o exercício.
- Sensação de tensão nos músculos da virilha, que poderá durar 2-5 dias.
- Poderá haver uma área que é sensível à palpação
- Os sintomas devem surgir apenas quando correr ou fizer mudanças de direcção bruscas durante o desporto
Rupturas de Grau II
- Uma súbita dor aguda na região da virilha ou músculos adutores durante o exercício.
- Sensação de tensão dos músculos da virilha pode surgir apenas do dia seguinte
- Podem formar-se pequenos hematomas ou inchaço.
- Desconforto ou dor ao alongamento do músculo e à contracção resistida.
- Correr provoca dor, que também poderá estar presente ao caminhar.
Rupturas de Grau III
- Dor aguda durante o exercício, muitas vezes ao mudar de direcção de repente, durante a corrida.
- Incapacidade de contrair os músculos da virilha.
- Substancial inchaço e hematomas formam-se na parte interna da coxa nas primeiras 24 horas após a lesão.
- Nos casos de rupturas completas, muitas vezes pode ser visível a separação muscular, com um grande volume muscular localizado mais próximo à virilha.
Uma boa avaliação, incluindo uma história clínica e
exame atento da face interna da coxa são geralmente suficientes para
diagnosticar uma ruptura muscular. Uma ecografia ou RM podem ser pedidas para confirmar o diagnóstico e
avaliar a extensão da lesão.
Tratamento
O
tratamento em fisioterapia, nas primeiras 24 a 48 horas após a lesão e enquanto
o diagnóstico não está confirmado, consiste e controlar os sinais
inflamatórios, através de:
Descanso: Evite caminhar ou
estar muito tempo de pé. Se tiver de o fazer utilize canadianas. Andar a pé pode significar um agravamento da sua lesão.
Gelo: Aplique uma
compressa de gelo na área lesada,
colocando uma toalha fina entre o gelo e a pele. Use o gelo por 20 minutos e depois espere pelo menos 40 minutos antes de aplicar gelo novamente.
Elevação: A perna deve ser
elevada um pouco acima do nível do seu coração para reduzir o inchaço.
Analgésicos e
anti-inflamatórios não-esteróides poderão ser receitados pelo médico para
controlar o processo inflamatório e aliviar as dores.
Após este período,
e com o diagnóstico confirmado, o tratamento irá depender da gravidade da
lesão:
Ruptura de
grau I: A reabilitação deve estar completa ao final de cerca de 2 semanas. O
tratamento deve incluir:
Fase 2: Após
as 1ªs 24 a 48 horas e até às 2 semanas
Alongamentos suaves dos músculos da virilha, 2 a 3
vezes por dia, desde que não provoquem dor
Massagem de drenagem e de mobilização de tecidos
Aplicação de ultra-sons.
Continuar o descanso das actividades que provocaram a
lesão durante a primeira semana de recuperação.
Ao final da 1ª semana introduzir o fortalecimento
muscular progressivo, incluindo exercícios em carga. À medida que for
efectuando os exercícios sem dor reintroduzir corrida.
Ao final da 2ª semana deve voltar gradualmente à
actividade desportiva e continuar por algumas semanas exercícios específicos de
fortalecimento e alongamento do músculo lesado.
Ruptura de
grau II: A reabilitação deve estar completa ao final de cerca de 4-6 semanas. O
tratamento deve incluir:
Fase 2: Após
as 1ªs 24 a 48 horas e até às 2 semanas
Continuar o descanso das actividades que provocaram a
lesão.
Alongamentos suaves e fortalecimento estático dos
músculos da virilha, 2 a 3 vezes por dia, a partir do 5º dia.
Em vez de apenas gelo poderá aplicar durante 20 a 30
minutos quente e frio, alternadamente, 5 minutos cada, três vezes por dia
Massagem de drenagem e de mobilização de tecidos
Deve iniciar um programa específico de reabilitação,
orientado pelo seu fisioterapeuta
Fase 3: Semanas
3, 4, 5 e 6
Introduzir o fortalecimento muscular progressivo,
incluindo exercícios em carga. À medida que for efectuando os exercícios sem
dor reintroduzir corrida.
Ao final da 4ª semana deve ser reintroduzido o gesto
desportivo em ambiente clínico, iniciar a corrida.
Na 6ª semana deve retornar à prática desportiva e
continuar por algumas semanas exercícios específicos de fortalecimento e
alongamento do músculo lesado.
Ruptura de
grau III: A reabilitação poderá demorar mais de 3 meses em casos de ruptura
completa. O tratamento deve incluir:
Se o músculo apresentar uma ruptura total o tratamento
consiste na reconstrução cirúrgica. Se suspeitar de uma lesão grave deve parar
imediatamente a actividade desportiva e dirigir-se ao hospital para ser
avaliado. Se a ruptura for parcial será seguido o protocolo de reabilitação das
rupturas de grau II, com a adaptação dos respectivos períodos de tempo.
Exercícios terapêuticos para as rupturas nos adutores da coxa
Os seguintes exercícios são geralmente prescritos durante a reabilitação de uma
ruptura dos adutores da coxa. Deverão ser realizados 2 a 3 vezes por dia e apenas na condição
de não causarem ou aumentarem os sintomas.
Alongamento
dos adutores da coxa
Em pé, com as pernas afastadas, empurre a bacia
para o lado contrário ao músculo a alongar, de seguida, com as costas
alinhadas, incline ligeiramente o tronco à frente até sentir o alongamento na
região interna da coxa e virilha. Mantenha a posição durante 20
segundos. Alivie lentamente a pressão.
Repita entre 5 a 10 vezes, desde que não desperte
nenhum sintoma.
Alongamento
dos adutores da coxa
Sentado, com as plantas dos pés juntas, os
antebraços a fixar as pernas e as costas alinhadas. Empurre o mais possível os
joelhos em direcção ao chão e incline ligeiramente o tronco à frente. Mantenha
a posição durante 20 segundos. Alivie lentamente a pressão.
Repita entre 5 a 10 vezes, desde que não desperte
nenhum sintoma.
Fortalecimento dos adutores da
coxa
Em pé, apoiado numa cadeira, com um elástico no tornozelo da perna a
fortalecer. Com a perna esticada, puxe o pé para junto do outro. Regresse lentamente à posição inicial.
Repita entre 8 e 12 vezes, desde que não desperte
nenhum sintoma.
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