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terça-feira, 9 de abril de 2013

Educação, Reeducação e a Terapia Psicomotora


A EDUCAÇÃO, REEDUCAÇÃO E TERAPIA PSICOMOTORA


EDUCAÇÃO PSICOMOTORA

As práticas da psicomotricidade geralmente se desenvolvem com atividades que objetivam movimento, possuindo uma extensa ligação com o desenvolvimento, aprendizagem e a personalidade da criança.
A educação psicomotora é uma técnica, que através de exercícios e jogos adequados a cada faixa etária leva a criança ao desenvolvimento global de ser. Devendo estimular, de tal forma, toda uma atitude relacionada ao corpo, respeitando as diferenças individuais (o ser é único, diferenciado e especial) e levando a autonomia do indivíduo como lugar de percepção, expressão e criação em todo seu potencial. Trata-se de uma técnica que objetiva ampliar as possibilidades de maturação e interações da criança, sendo que deve ser considerada antes de tudo uma experiência ativa de confrontação com o meio interno e externo. Porque a partir deste contato, irá permitir uma integração de estímulos deste ambiente, favorecendo o seu ajustamento com outras crianças. Isto poderá ser possível também através de jogos, atividades lúdicas, motoras, fontes de prazer, e remetendo neste contexto toda uma organização e sua imagem no corpo, em relação às suas vivencias.
A educação psicomotora é desenvolvida como um elemento preventivo ou profilático para dificuldades que possam surgir no processo de aprendizagem escolar ou até mesmo para um trabalho reeducativo futuro, porque é integrante do desenvolvimento natural da criança. O educador terá então uma função de grande importância no desenvolvimento da criança. Ele irá acompanhá-la em suas descobertas, no sentido de suas explorações do meio, podendo até mesmo, estimular a criança, encorajá-la em seus desafios, favorecendo assim a promoção do seu desenvolvimento. O educador também pode auxiliar no desbloquear, desinibir, facilitar o amadurecimento, elevando a uma maior autonomia e desenvolvimento da criatividade da criança.
Assim a estimulação psicomotora compreende-se por um programa que envolve contribuições para o desenvolvimento harmonioso da criança no começo da vida. São atividades que se preocupam e vão ao encontro das condições que o individuo apresenta. Acima de tudo despertando o corpo e a afetividade por meio de movimentos e jogos e buscando a harmonia constante. A estimulação psicomotora tende a ser considerada como uma estimulação essencial à criança e deve ser realizada nos primeiros anos de vida e entre pais e filhos.
Dentro da educação psicomotora deve-se alcançar três metas básicas, objetivos:
- A aquisição do domínio corporal: definindo a lateralidade, a orientação espacial, desenvolvendo a coordenação motora , o equilíbrio e a flexibilidade.
- Controle da inibição voluntária: melhorando o nível de abstração, concentração e desenvolvendo as gnosias.
- Desenvolvimento socio-afetivo: reforçando as atitudes de lealdade, companheirismo e solidariedade.
Vygotsky afirmou que: No início da idade pré-escolar , quando surgem os desejos que não podem ser imediatamente satisfeitos ou esquecidos, e permanece ainda a característica do estágio precedente de uma tendência para a satisfação imediata desses desejos, o comportamento da criança muda. Para resolver essa tensão, a criança em idade pré-escolar envolve-se num mundo ilusório e imaginário onde os desejos não realizáveis podem ser realizados, e esse mundo é o que chamamos de brinquedo. A imaginação é um processo psicológico novo para a criança. Com todas as funções da consciência, ela surge originalmente da ação".
O brinquedo é, portanto, o reflexo do inconsciente da criança. Este também pode ser denominado como fantasmas, ou seja, uma produção imaginária do inconsciente, capaz de motivar o comportamento cem que o indivíduo tenha consciência deles.
E através da ação, a criança sai descobrindo suas preferências e adquirindo a consciência dos esquemas corporais, para isso é necessário que ele vivencie diversas situações durante o seu desenvolvimento, nunca esquecendo que a afetividade é a base de todo o processo de desenvolvimento e principalmente ensino-aprendizagem, que por sua vez é favorecido, se a criança adquire um bom desenvolvimento de todo seu esquema corporal.
A espontaneidade em que esta criança possa ser submetida , poderá acarretar possibilidades desde organismo previamente educado em reagir de forma espontânea a situações de urgência, isto será possível através de suas vivencias. E Principalmente se esta espontaneidade for desenvolvida no contexto afetivo, motor, mais tarde irá refletir um organismo capaz de elaborar metas e estratégias adequadas ao tipo de situação em que este se encontrar e assim estabelecer suas possibilidades.
Para se realizar uma atividade de educação psicomotora, é necessário que haja um local apropriado, onde existam vários materiais para serem utilizados (cordas, bolsa, colchão para saltos, jogos de montar, etc.). Durante uma atividade devem ser desenvolvidos três momentos distintos:
- Iniciação (entrada): tem como objetivo reunir as crianças para que se descreva o que vai ocorrer durante a sessão. Este momento é importante porque permite que criança se identifique verbalmente e respeite o momento de início da atividade.
- Desenvolvimento do jogo: Nesse momento a criança pode atuar livremente nos brinquedos (jogando, se expressando, pulando, etc.).
- Termino ou saída: O grupo se reúne novamente para dizer o que fez, ou seja, fazer um resumo das atividades.
Podemos utilizar outras maneiras de iniciar e de terminar uma atividade, como por exemplo: contar histórias, rodas cantadas, jogos e etc. Desta forma, a criança será estimulada e ficará "atenta" para a atividade proposta. Para a criança interagir neste processo é necessário que o professor saia de sua postura e assuma uma postura de observador, para que a partir daí possa interferir no processo de desenvolvimento.
È importante ressaltar que a intervenção psicomotora no desenvolvimento da criança, não se restringe a ser um recurso pedagógico, mas sim possuir, além disso, toda a estrutura para trabalhar toda e qualquer ação educativa, que conseqüentemente vai estar intimamente ligado o desenvolvimento geral da criança tal como sua personalidade. Através do desenvolvimento da educação psicomotora, é possível explorar as vivencias, expressões, aperfeiçoamento e integração das capacidades sensoriais, perceptivas, motoras, cognitivas e afetivas da criança, e ainda tende s estimular e enriquecer a sua relação consigo mesmo e com o mundo esterno e assim perpassar ativamente em sua própria evolução.
Torna-se um fator primordial no processo de educação psicomotora o fator social, ou seja, a presença dos pais encontra-se bastante significativo para um bom desenvolvimento do trabalho do psicomotricista. Pois é através dos pais que serão buscadas toda a informação necessária para contribuir no desenvolvimento da criança.
No ensino tradicional é dito que a criança deve estar biologicamente pronta para a aprendizagem. Isto quer dizer que a criança só aprende quando amadurece (dentro do enfoque biológico). Esta é uma das grandes "desculpas" para o fracasso escolar.O auxílio educativo geralmente é proveniente dos pais e do âmbito escolar, tendo como finalidade mediante as práticas da psicomotricidade exercer a função de ajustamento da criança seja de forma individual ou coletiva. Dentro destes aspectos, a Educação Psicomotora surgi para que haja um melhor desenvolvimento da criança, através da utilização dos movimentos do corpo.

A reeducação psicomotora
A reeducação psicomotora é indicada para aquelas crianças que possuem atrasos ou dificuldades na área psicomotora, ou seja para aquelas crianças as quais seu processo de maturação motor não condiz a um equilíbrio o qual é esperado em sua faixa etaria.com sua faixa etária. Ela tem como objetivo, retomar as vivências anteriores com falhas, ou as fases da educação ultrapassadas inadequadamente.
O termo reeducar significa educar o que o indivíduo não assimilou adequadamente em etapas anteriores. Cada fase da educação da criança deve ser apreendida anteriormente pela mesma, antes que ela apreenda algo novo e está etapa que não foi bem assimilada seja ultrapassada. Na reeducação, é preciso diagnosticar as dificuldades a fim de traçar o programa de tratamento no qual a criança possa retomar essas fases "falhas", integrando assim cada um de seus progressos antes de adquirir um novo.
É importante destacarmos a determinância do aspecto relacional da relação terapêutica para a cura da criança. Durante essa relação, o terapeuta lhe propõe antes de tudo um meio de reconstruir, num contexto, lugar e tempo privilegiados um diálogo e uma comunicação que lhe faltavam. É através desse canal de comunicação corporal que o terapeuta ira perceber o sintoma da criança. Assim a progressão da cura será identificada a progressão da relação afetiva e das projeções fantasmáticas da criança na pessoa do terapeuta, devendo portanto o terapeuta estar disponível para ocupar o lugar de desejo que a criança necessita que o mesmo assuma naquele momento de seu sofrimento psíquico.
É também de suma importância que o psicomotricista tenha cuidado com a família da criança, pois quando a família encaminha para a reeducação está se assumindo fracassada em seu papel de educadora. E ainda porque o corpo da criança é um sintoma da família e dos pais, e esse sintoma acaba por ser necessário para o equilíbrio dessa família. Portanto deve-se entender a importância desse sintoma na dinâmica familiar, e em como irá ficar essa família sem esse sintoma.
O desenvolvimento motor da criança está diretamente ligado a sua capacidade de aprendizagem, o que interfere diretamente ou indiretamente no seu aproveitamento escolar e na sua interação social, sendo portanto de suma importância a reeducação para que a criança não ultrapasse mais falhas e some mais dificuldades em seu desenvolvimento.

As práticas psicomotoras
Nas praticas psicomotoras deve ser oferecido para a criança, em algum momento, a livre vivência de jogos e atividades para que o indivíduo usufrua sozinho ou em grupo de situações de desafio, de regras, de envolvimento, estímulo e motivação, inter-relacionando-se com o meio e com sua existência. São através dos jogos expressivos onde a criança se socializa, aprende as regras a partir do contato corporal, dos jogos simbólicos, brincando de faz-de-conta representando assim seus desejos, conflitos e angustias. Porém, o mais importante, não são os métodos, as técnicas e os instrumentos, mas sim desabrochar a evolução positiva do ser, tanto na relação consigo mesmo como com o mundo externo, ou seja na relação corporal.
Durante a reeducação psicomotora a criança vai adquirir o que não assimilou nas etapas anteriores, começando por movimentos mais simples para os mais complexos, de uma única direção para diferentes direções, do isolamento de seu mundo particular para a socialização do mundo externo. Assim por meio da expressão livre, o indivíduo pode estabelecer um excelente diálogo tônico e comunicativo com o mundo e com o outro.
Nas práticas psicomotoras são utilizados vários materiais como:
  • Colchões e colchonetes.
  • Bolas ou balões.
  • Tecidos coloridos, lençóis.
  • Cordas.
  • Arcos e bambolês.
  • Tubos de papelão ou de fibra.
  • Blocos lógicos grandes.
  • Cubos de madeira gigantes.
  • Blocos de espuma.
  • Terra, argila e massinha.
  • Bancos e cadeiras.
  • Música.
  • Sucata.
  • Materiais variados (pneus, sapatos e tintas).
  • Água.
Porém o mais interessante nas práticas, é que se utilizam materiais pouco estruturados como papelão, jornais e papeis que facilita e incentiva a criação e a projeção da criança sobre os mesmos.

A TERAPIA PSICOMOTORA
O campo de atuação do terapeuta psicomotor abrange a mesma área que as atividades do psicólogo. O terapeuta psicomotor trata pessoas que tem problemas. A diferença é que um psicólogo somente fala com as pessoas, enquanto que, parte do tempo, o terapeuta psicomotor faz coisas com as mesmas. Estas atividades abrangem o campo de experiência física e movimento.
A experiência física inclue concentração na experiência e na percepção do próprio corpo do indivíduo, e pode-se pensar em relaxamento e exercícios respiratórios, entre outras coisas. Movimentos incluem treinamentos como são feitos em esportes e em educação física. E para isto não é importante como se faz alguma coisa, mas como se experimenta e se trata com isso.
Durante a terapia psicomotora, a pessoa e o terapeuta psicomotor vão observar como, em várias situações, a pessoa trata com ela mesma, com os outros e com o material. Será priorizada uma relação de qualidade, em que o paciente terá um atendimento individualizado, com um enfoque especial em seu caso particular, dentro de um histórico próprio, utilizando-se também de outros meios, para auxiliar no diagnóstico e nos sintomas específicos de cada caso, ajudando a resgatar etapas que possam ter sido queimadas.
Existem dois métodos que são utilizadas na terapia psicomotora e que auxiliam no processo do indivíduo que apresenta distúrbios psicomotores: o exame psicomotor e transferência psicomotora.
O exame psicomotor é um método utilizado em situação de avaliação clínica, para que se possa fazer o diagnóstico de crianças com possíveis dificuldades psicocorporais. Este exame é associado ao exame psicomotor com provas padronizadas, devendo ser utilizado em um dia que não serão realizados outros testes, no máximo poderá ser feito um desenho da figura humana ou da família, antes da observação do jogo livre. É importante que o exame psicomotor seja feito quando a criança já tenha tido outro contato com o psicomotricista para que não ocorra inibição.
A criança colocada diante de vários objetos é convidada a brincar livremente. Os objetos utilizados são dinâmicos e mediadores da relação, permitindo a construção e tornando-se simbólicos.
A partir da atividade desenvolvida pela criança é possível perceber o investimento que ela faz do espaço, dos objetos e de seus movimentos, num tempo e espaço determinados, além de informar sobre a relação entre ela e o observador.
A observação realizada da criança permite confirmar o seu estilo psicomotor, mais hiperativo ou inibido, revela possíveis atrasos motores para andar, correr, saltar ou utilizar sua coordenação viso-motora, além de elementos como tônus, sincinesias e paratonias.
A transferência psicomotora, adaptada na psicomotricidade, vai utilizar a atividade corporal livre e espontânea como intermediária para a relação terapêutica. O terapeuta receberá corporalmente as projeções de seu paciente. E a partir dessa relação transferencial no jogo corporal, o sujeito será capaz de elaborar seu mundo interior e descobrir suas possibilidades de ação.
A linguagem também surge como um estruturador simbólico devendo ser levada em consideração.
As ações externas são contidas e a interferência do imaginário em nível real, em atos não simbolizáveis irá diminuir. Com isso os conflitos começam a ser elaborados, ocorrendo uma melhora na adaptação à realidade.
Desta forma o cliente, estará melhor dentro de seu corpo, do ponto de vista tônico-motor, sem bloqueios, rigidez, impulsividade ou falta de destreza. Ele já irá conseguir manter um maior controle sobre seus movimentos, conseguindo descobrir qual a melhor forma de realizar suas performances corporais. Isto se dará a parir do momento que as próprias crianças criam, dentro do seu espaço na terapia, jogos com bola, corda, bambolês, fazem cambalhotas, descobrindo o prazer de afirmar-se e de conquistar o espaço.
Portanto, sendo possível organizar-se em nível simbólico, através do jogo psicomotor que põe em ação o jogo fantasmático e relacional, é possível também obter ajuda na estruturação do corpo próprio do mundo através de novas possibilidades de conhecimento e de ação mais organizada, permitindo ao sujeito tomar posse de si mesmo como uma pessoa integrada. É possível para a criança sem treinos específicos de determinadas habilidades, superar defasagens evolutivas importantes, pois ela busca espontaneamente atividades que serão facilitadoras de seu desenvolvimento.
Assim, a terapia psicomotora, torna-se válida como técnica, agindo sobre as origens dos distúrbios psicomotores, buscando ultrapassá-los a partir da própria vontade da criança em crescer e prosseguir na direção da sua cura.

Conclusão
Com o avanço da tecnologia, a emergência dos computadores, dos carrinhos a pilha, das bonecas falantes, fez com que as crianças deixassem de fazerem barulho, de expressarem suas criatividades, de falarem, de gritarem, de expressarem seus sentimentos através do brincar.
Com isso, é importante que se pense o quanto um simples brincar, uma simples liberdade de olhar e de construir uma forma saudável de expressar seus sentimentos pode evitar que a criança ultrapasse fases em seu desenvolvimento psicomotor, ou seja, que ela possa gozar das atividades próprias da sua idade , não apresentando assim sintomas de déficits anteriores.

2 comentários:

Unknown disse...

COMO ESSE CONTEÚDO ME AUXILIOU NO MEU TRABALHO!

Unknown disse...

A ÁREA DA PSICOMOTRICIDADE É MUITO RICA. POR ISSO QUERO ESTENDER MINHA GRATIDÃO POR TER ACESSO ESSES CONTEÚDOS TÃO SIGNIFICATIVOS
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