A EDUCAÇÃO,
REEDUCAÇÃO E TERAPIA PSICOMOTORA
EDUCAÇÃO PSICOMOTORA
As
práticas da psicomotricidade geralmente se desenvolvem com atividades que objetivam
movimento, possuindo uma extensa ligação com o desenvolvimento, aprendizagem e
a personalidade da criança.
A
educação psicomotora é uma técnica, que através de exercícios e jogos adequados
a cada faixa etária leva a criança ao desenvolvimento global de ser. Devendo estimular,
de tal forma, toda uma atitude relacionada ao corpo, respeitando as diferenças
individuais (o ser é único, diferenciado e especial) e levando a autonomia do
indivíduo como lugar de percepção, expressão e criação em todo seu potencial.
Trata-se de uma técnica que objetiva ampliar as possibilidades de maturação e
interações da criança, sendo que deve ser considerada antes de tudo uma experiência
ativa de confrontação com o meio interno e externo. Porque a partir deste contato,
irá permitir uma integração de estímulos deste ambiente, favorecendo o seu ajustamento
com outras crianças. Isto poderá ser possível também através de jogos, atividades
lúdicas, motoras, fontes de prazer, e remetendo neste contexto toda uma organização
e sua imagem no corpo, em relação às suas vivencias.
A
educação psicomotora é desenvolvida como um elemento preventivo ou profilático
para dificuldades que possam surgir no processo de aprendizagem escolar ou até
mesmo para um trabalho reeducativo futuro, porque é integrante do desenvolvimento
natural da criança. O educador terá então uma função de grande importância no
desenvolvimento da criança. Ele irá acompanhá-la em suas descobertas, no sentido
de suas explorações do meio, podendo até mesmo, estimular a criança, encorajá-la
em seus desafios, favorecendo assim a promoção do seu desenvolvimento. O educador
também pode auxiliar no desbloquear, desinibir, facilitar o amadurecimento, elevando
a uma maior autonomia e desenvolvimento da criatividade da criança.
Assim
a estimulação psicomotora compreende-se por um programa que envolve contribuições
para o desenvolvimento harmonioso da criança no começo da vida. São atividades
que se preocupam e vão ao encontro das condições que o individuo apresenta. Acima
de tudo despertando o corpo e a afetividade por meio de movimentos e jogos e buscando
a harmonia constante. A estimulação psicomotora tende a ser considerada como uma
estimulação essencial à criança e deve ser realizada nos primeiros anos de vida
e entre pais e filhos.
Dentro
da educação psicomotora deve-se alcançar três metas básicas, objetivos:
- A aquisição do domínio corporal: definindo a lateralidade, a orientação
espacial, desenvolvendo a coordenação motora , o equilíbrio e a flexibilidade.
- Controle
da inibição voluntária: melhorando o nível de abstração, concentração
e desenvolvendo as gnosias.
- Desenvolvimento socio-afetivo: reforçando as atitudes de lealdade,
companheirismo e solidariedade.
Vygotsky
afirmou que: No início da idade pré-escolar , quando surgem os desejos que não
podem ser imediatamente satisfeitos ou esquecidos, e permanece ainda a característica
do estágio precedente de uma tendência para a satisfação imediata desses desejos,
o comportamento da criança muda. Para resolver essa tensão, a criança em idade
pré-escolar envolve-se num mundo ilusório e imaginário onde os desejos não realizáveis
podem ser realizados, e esse mundo é o que chamamos de brinquedo. A imaginação
é um processo psicológico novo para a criança. Com todas as funções da consciência,
ela surge originalmente da ação".
O
brinquedo é, portanto, o reflexo do inconsciente da criança. Este também pode
ser denominado como fantasmas, ou seja, uma produção imaginária do inconsciente,
capaz de motivar o comportamento cem que o indivíduo tenha consciência deles.
E
através da ação, a criança sai descobrindo suas preferências e adquirindo a consciência
dos esquemas corporais, para isso é necessário que ele vivencie diversas situações
durante o seu desenvolvimento, nunca esquecendo que a afetividade é a base de
todo o processo de desenvolvimento e principalmente ensino-aprendizagem, que por
sua vez é favorecido, se a criança adquire um bom desenvolvimento de todo seu
esquema corporal.
A
espontaneidade em que esta criança possa ser submetida , poderá acarretar possibilidades
desde organismo previamente educado em reagir de forma espontânea a situações
de urgência, isto será possível através de suas vivencias. E Principalmente se
esta espontaneidade for desenvolvida no contexto afetivo, motor, mais tarde irá
refletir um organismo capaz de elaborar metas e estratégias adequadas ao tipo
de situação em que este se encontrar e assim estabelecer suas possibilidades.
Para
se realizar uma atividade de educação psicomotora, é necessário que haja um local
apropriado, onde existam vários materiais para serem utilizados (cordas, bolsa,
colchão para saltos, jogos de montar, etc.). Durante uma atividade devem ser desenvolvidos
três momentos distintos:
- Iniciação (entrada): tem como objetivo reunir as crianças para que
se descreva o que vai ocorrer durante a sessão. Este momento é importante porque
permite que criança se identifique verbalmente e respeite o momento de início
da atividade.
- Desenvolvimento do jogo: Nesse momento a criança pode atuar livremente
nos brinquedos (jogando, se expressando, pulando, etc.).
- Termino ou saída: O grupo se reúne novamente para dizer o que fez,
ou seja, fazer um resumo das atividades.
Podemos
utilizar outras maneiras de iniciar e de terminar uma atividade, como por exemplo:
contar histórias, rodas cantadas, jogos e etc. Desta forma, a criança será estimulada
e ficará "atenta" para a atividade proposta. Para a criança interagir
neste processo é necessário que o professor saia de sua postura e assuma uma postura
de observador, para que a partir daí possa interferir no processo de desenvolvimento.
È
importante ressaltar que a intervenção psicomotora no desenvolvimento da criança,
não se restringe a ser um recurso pedagógico, mas sim possuir, além disso, toda
a estrutura para trabalhar toda e qualquer ação educativa, que conseqüentemente
vai estar intimamente ligado o desenvolvimento geral da criança tal como sua personalidade.
Através do desenvolvimento da educação psicomotora, é possível explorar as vivencias,
expressões, aperfeiçoamento e integração das capacidades sensoriais, perceptivas,
motoras, cognitivas e afetivas da criança, e ainda tende s estimular e enriquecer
a sua relação consigo mesmo e com o mundo esterno e assim perpassar ativamente
em sua própria evolução.
Torna-se
um fator primordial no processo de educação psicomotora o fator social, ou seja,
a presença dos pais encontra-se bastante significativo para um bom desenvolvimento
do trabalho do psicomotricista. Pois é através dos pais que serão buscadas toda
a informação necessária para contribuir no desenvolvimento da criança.
No
ensino tradicional é dito que a criança deve estar biologicamente pronta para
a aprendizagem. Isto quer dizer que a criança só aprende quando amadurece (dentro
do enfoque biológico). Esta é uma das grandes "desculpas" para o fracasso
escolar.O auxílio educativo geralmente é proveniente dos pais e do âmbito escolar,
tendo como finalidade mediante as práticas da psicomotricidade exercer a função
de ajustamento da criança seja de forma individual ou coletiva. Dentro destes
aspectos, a Educação Psicomotora surgi para que haja um melhor desenvolvimento
da criança, através da utilização dos movimentos do corpo.
A reeducação psicomotora
A
reeducação psicomotora é indicada para aquelas crianças que possuem atrasos ou
dificuldades na área psicomotora, ou seja para aquelas crianças as quais seu processo
de maturação motor não condiz a um equilíbrio o qual é esperado em sua faixa etaria.com
sua faixa etária. Ela tem como objetivo, retomar as vivências anteriores com falhas,
ou as fases da educação ultrapassadas inadequadamente.
O
termo reeducar significa educar o que o indivíduo não assimilou adequadamente
em etapas anteriores. Cada fase da educação da criança deve ser apreendida anteriormente
pela mesma, antes que ela apreenda algo novo e está etapa que não foi bem assimilada
seja ultrapassada. Na reeducação, é preciso diagnosticar as dificuldades a fim
de traçar o programa de tratamento no qual a criança possa retomar essas fases
"falhas", integrando assim cada um de seus progressos antes de adquirir
um novo.
É
importante destacarmos a determinância do aspecto relacional da relação terapêutica
para a cura da criança. Durante essa relação, o terapeuta lhe propõe antes de
tudo um meio de reconstruir, num contexto, lugar e tempo privilegiados um diálogo
e uma comunicação que lhe faltavam. É através desse canal de comunicação corporal
que o terapeuta ira perceber o sintoma da criança. Assim a progressão da cura
será identificada a progressão da relação afetiva e das projeções fantasmáticas
da criança na pessoa do terapeuta, devendo portanto o terapeuta estar disponível
para ocupar o lugar de desejo que a criança necessita que o mesmo assuma naquele
momento de seu sofrimento psíquico.
É
também de suma importância que o psicomotricista tenha cuidado com a família da
criança, pois quando a família encaminha para a reeducação está se assumindo fracassada
em seu papel de educadora. E ainda porque o corpo da criança é um sintoma da família
e dos pais, e esse sintoma acaba por ser necessário para o equilíbrio dessa família.
Portanto deve-se entender a importância desse sintoma na dinâmica familiar, e
em como irá ficar essa família sem esse sintoma.
O
desenvolvimento motor da criança está diretamente ligado a sua capacidade de aprendizagem,
o que interfere diretamente ou indiretamente no seu aproveitamento escolar e na
sua interação social, sendo portanto de suma importância a reeducação para que
a criança não ultrapasse mais falhas e some mais dificuldades em seu desenvolvimento.
As práticas psicomotoras
Nas
praticas psicomotoras deve ser oferecido para a criança, em algum momento, a livre
vivência de jogos e atividades para que o indivíduo usufrua sozinho ou em grupo
de situações de desafio, de regras, de envolvimento, estímulo e motivação, inter-relacionando-se
com o meio e com sua existência. São através dos jogos expressivos onde a criança
se socializa, aprende as regras a partir do contato corporal, dos jogos simbólicos,
brincando de faz-de-conta representando assim seus desejos, conflitos e angustias.
Porém, o mais importante, não são os métodos, as técnicas e os instrumentos, mas
sim desabrochar a evolução positiva do ser, tanto na relação consigo mesmo como
com o mundo externo, ou seja na relação corporal.
Durante
a reeducação psicomotora a criança vai adquirir o que não assimilou nas etapas
anteriores, começando por movimentos mais simples para os mais complexos, de uma
única direção para diferentes direções, do isolamento de seu mundo particular
para a socialização do mundo externo. Assim por meio da expressão livre, o indivíduo
pode estabelecer um excelente diálogo tônico e comunicativo com o mundo e com
o outro.
Nas
práticas psicomotoras são utilizados vários materiais como:
- Colchões e colchonetes.
- Bolas ou balões.
- Tecidos coloridos, lençóis.
- Cordas.
- Arcos e bambolês.
- Tubos de papelão ou de fibra.
- Blocos lógicos grandes.
- Cubos de madeira gigantes.
- Blocos de espuma.
- Terra, argila e massinha.
- Bancos e cadeiras.
- Música.
- Sucata.
- Materiais variados (pneus, sapatos e tintas).
- Água.
Porém
o mais interessante nas práticas, é que se utilizam materiais pouco estruturados
como papelão, jornais e papeis que facilita e incentiva a criação e a projeção
da criança sobre os mesmos.
A TERAPIA PSICOMOTORA
O
campo de atuação do terapeuta psicomotor abrange a mesma área que as atividades
do psicólogo. O terapeuta psicomotor trata pessoas que tem problemas. A diferença
é que um psicólogo somente fala com as pessoas, enquanto que, parte do tempo,
o terapeuta psicomotor faz coisas com as mesmas. Estas atividades abrangem o campo
de experiência física e movimento.
A
experiência física inclue concentração na experiência e na percepção do próprio
corpo do indivíduo, e pode-se pensar em relaxamento e exercícios respiratórios,
entre outras coisas. Movimentos incluem treinamentos como são feitos em esportes
e em educação física. E para isto não é importante como se faz alguma coisa, mas
como se experimenta e se trata com isso.
Durante
a terapia psicomotora, a pessoa e o terapeuta psicomotor vão observar como, em
várias situações, a pessoa trata com ela mesma, com os outros e com o material.
Será priorizada uma relação de qualidade, em que o paciente terá um atendimento
individualizado, com um enfoque especial em seu caso particular, dentro de um
histórico próprio, utilizando-se também de outros meios, para auxiliar no diagnóstico
e nos sintomas específicos de cada caso, ajudando a resgatar etapas que possam
ter sido queimadas.
Existem
dois métodos que são utilizadas na terapia psicomotora e que auxiliam no processo
do indivíduo que apresenta distúrbios psicomotores: o exame psicomotor e transferência
psicomotora.
O
exame psicomotor é um método utilizado em situação de avaliação clínica, para
que se possa fazer o diagnóstico de crianças com possíveis dificuldades psicocorporais.
Este exame é associado ao exame psicomotor com provas padronizadas, devendo ser
utilizado em um dia que não serão realizados outros testes, no máximo poderá ser
feito um desenho da figura humana ou da família, antes da observação do jogo livre.
É importante que o exame psicomotor seja feito quando a criança já tenha tido
outro contato com o psicomotricista para que não ocorra inibição.
A
criança colocada diante de vários objetos é convidada a brincar livremente. Os
objetos utilizados são dinâmicos e mediadores da relação, permitindo a construção
e tornando-se simbólicos.
A
partir da atividade desenvolvida pela criança é possível perceber o investimento
que ela faz do espaço, dos objetos e de seus movimentos, num tempo e espaço determinados,
além de informar sobre a relação entre ela e o observador.
A
observação realizada da criança permite confirmar o seu estilo psicomotor, mais
hiperativo ou inibido, revela possíveis atrasos motores para andar, correr, saltar
ou utilizar sua coordenação viso-motora, além de elementos como tônus, sincinesias
e paratonias.
A
transferência psicomotora, adaptada na psicomotricidade, vai utilizar a atividade
corporal livre e espontânea como intermediária para a relação terapêutica. O terapeuta
receberá corporalmente as projeções de seu paciente. E a partir dessa relação
transferencial no jogo corporal, o sujeito será capaz de elaborar seu mundo interior
e descobrir suas possibilidades de ação.
A
linguagem também surge como um estruturador simbólico devendo ser levada em consideração.
As
ações externas são contidas e a interferência do imaginário em nível real, em
atos não simbolizáveis irá diminuir. Com isso os conflitos começam a ser elaborados,
ocorrendo uma melhora na adaptação à realidade.
Desta
forma o cliente, estará melhor dentro de seu corpo, do ponto de vista tônico-motor,
sem bloqueios, rigidez, impulsividade ou falta de destreza. Ele já irá conseguir
manter um maior controle sobre seus movimentos, conseguindo descobrir qual a melhor
forma de realizar suas performances corporais. Isto se dará a parir do momento
que as próprias crianças criam, dentro do seu espaço na terapia, jogos com bola,
corda, bambolês, fazem cambalhotas, descobrindo o prazer de afirmar-se e de conquistar
o espaço.
Portanto,
sendo possível organizar-se em nível simbólico, através do jogo psicomotor que
põe em ação o jogo fantasmático e relacional, é possível também obter ajuda na
estruturação do corpo próprio do mundo através de novas possibilidades de conhecimento
e de ação mais organizada, permitindo ao sujeito tomar posse de si mesmo como
uma pessoa integrada. É possível para a criança sem treinos específicos de determinadas
habilidades, superar defasagens evolutivas importantes, pois ela busca espontaneamente
atividades que serão facilitadoras de seu desenvolvimento.
Assim,
a terapia psicomotora, torna-se válida como técnica, agindo sobre as origens dos
distúrbios psicomotores, buscando ultrapassá-los a partir da própria vontade da
criança em crescer e prosseguir na direção da sua cura.
Conclusão
Com o avanço da tecnologia,
a emergência dos computadores, dos carrinhos a pilha, das bonecas falantes, fez
com que as crianças deixassem de fazerem barulho, de expressarem suas criatividades,
de falarem, de gritarem, de expressarem seus sentimentos através do brincar.
Com
isso, é importante que se pense o quanto um simples brincar, uma simples liberdade
de olhar e de construir uma forma saudável de expressar seus sentimentos pode
evitar que a criança ultrapasse fases em seu desenvolvimento psicomotor, ou seja,
que ela possa gozar das atividades próprias da sua idade , não apresentando assim
sintomas de déficits anteriores.
2 comentários:
COMO ESSE CONTEÚDO ME AUXILIOU NO MEU TRABALHO!
A ÁREA DA PSICOMOTRICIDADE É MUITO RICA. POR ISSO QUERO ESTENDER MINHA GRATIDÃO POR TER ACESSO ESSES CONTEÚDOS TÃO SIGNIFICATIVOS
.
Postar um comentário