twittar

on line

sábado, 26 de maio de 2012

ALEITAMENTO MATERNO

TIPOS DE ALEITAMENTO MATERNO

É muito importante conhecer e utilizar as definições de aleitamento materno
adotadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e reconhecidas no mundo inteiro
(WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2007a). Assim, o aleitamento materno costuma
ser classificado em:

• Aleitamento materno exclusivo – quando a criança recebe somente leite
materno, direto da mama ou ordenhado, ou leite humano de outra fonte, sem
outros líquidos ou sólidos, com exceção de gotas ou xaropes contendo vitaminas,
sais de reidratação oral, suplementos minerais ou medicamentos.

• Aleitamento materno predominante – quando a criança recebe, além do
leite materno, água ou bebidas à base de água (água adocicada, chás, infusões),
sucos de frutas e fluidos rituais1.

• Aleitamento materno – quando a criança recebe leite materno (direto da mama
ou ordenhado), independentemente de receber ou não outros alimentos.

• Aleitamento materno complementado – quando a criança recebe, além
do leite materno, qualquer alimento sólido ou semi-sólido com a finalidade de
complementá-lo, e não de substituí-lo. Nessa categoria a criança pode receber,
além do leite materno, outro tipo de leite, mas este não é considerado alimento
complementar.

• Aleitamento materno misto ou parcial – quando a criança recebe leite
materno e outros tipos de leite.

DURAÇÃO DA AMAMENTAÇÃO

Vários estudos sugerem que a duração da amamentação na espécie humana seja,
em média, de dois a três anos, idade em que costuma ocorrer o desmame naturalmente
(KENNEDY, 2005).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde recomendam aleitamento
materno exclusivo por seis meses e complementado até os dois anos ou mais.
Não há vantagens em se iniciar os alimentos complementares antes dos seis meses, podendo,
inclusive, haver prejuízos à saúde da criança, pois a introdução precoce de outros
alimentos está associada a:

• Maior número de episódios de diarréia;

• Maior número de hospitalizações por doença respiratória;

• Risco de desnutrição se os alimentos introduzidos forem nutricionalmente inferiores
ao leite materno, como, por exemplo, quando os alimentos são muito
diluídos;

• Menor absorção de nutrientes importantes do leite materno, como o ferro e o zinco;

• Menor eficácia da lactação como método anticoncepcional;

• Menor duração do aleitamento materno.

No segundo ano de vida, o leite materno continua sendo importante fonte de
nutrientes. Estima-se que dois copos (500ml) de leite materno no segundo ano de vida
fornecem 95% das necessidades de vitamina C, 45% das de vitamina A, 38% das de
proteína e 31% do total de energia. Além disso, o leite materno continua protegendo
contra doenças infecciosas. Uma análise de estudos realizados em três continentes concluiu
que quando as crianças não eram amamentadas no segundo ano de vida elas tinham
uma chance quase duas vezes maior de morrer por doença infecciosa quando comparadas
com crianças amamentadas.

IMPORTÂNCIA DO ALEITAMENTO MATERNO

Já está devidamente comprovada, por estudos científicos, a superioridade do leite
materno sobre os leites de outras espécies. São vários os argumentos em favor do aleitamento
materno.

 Evita mortes infantis

Graças aos inúmeros fatores existentes no leite materno que protegem contra infecções,
ocorrem menos mortes entre as crianças amamentadas. Estima-se que o aleitamento
materno poderia evitar 13% das mortes em crianças menores de 5 anos em todo
o mundo, por causas preveníveis (JONES et al., 2003). Nenhuma outra estratégia isolada
alcança o impacto que a amamentação tem na redução das mortes de crianças menores
de 5 anos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Unicef, em torno
de seis milhões de vidas de crianças estão sendo salvas a cada ano por causa do aumento
das taxas de amamentação exclusiva.
No Brasil, em 14 municípios da Grande São Paulo, a estimativa média de impacto
da amamentação sobre o Coeficiente de Mortalidade Infantil foi de 9,3%, com variações
entre os municípios de 3,6% a 13%. (ESCUDER; VENÂNCIO; PEREIRA, 2003)
A proteção do leite materno contra mortes infantis é maior quanto menor é a criança.
Assim, a mortalidade por doenças infecciosas é seis vezes maior em crianças menores
de 2 meses não amamentadas, diminuindo à medida que a criança cresce, porém ainda
é o dobro no segundo ano de vida (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2000). É
importante ressaltar que, enquanto a proteção contra mortes por diarréia diminui com a idade, a proteção contra mortes por infecções respiratórias se mantém constante nos
primeiros dois anos de vida. Em Pelotas (RS), as crianças menores de 2 meses que não
recebiam leite materno tiveram uma chance quase 25 vezes maior de morrer por diarréia
e 3,3 vezes maior de morrer por doença respiratória, quando comparadas com as
crianças em aleitamento materno que não recebiam outro tipo de leite. Esses riscos foram
menores, mas ainda significativos (3,5 e 2 vezes, respectivamente) para as crianças
entre 2 e 12 meses. (VICTORIA et al., 1987)
A amamentação previne mais mortes entre as crianças de menor nível socioeconômico.
Enquanto para os bebês de mães com maior escolaridade o risco de morrerem no
primeiro ano de vida era 3,5 vezes maior em crianças não amamentadas, quando comparadas
com as amamentadas, para as crianças de mães com menor escolaridade, esse
risco era 7,6 vezes maior (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2000). Mas mesmo nos
países mais desenvolvidos o aleitamento materno previne mortes infantis. Nos Estados
Unidos, por exemplo, calcula-se que o aleitamento materno poderia evitar, a cada ano,
720 mortes de crianças menores de um ano. (CHEN; ROGAN, 2004)
Um estudo demonstrou que a amamentação na primeira hora de vida pode ser um
fator de proteção contra mortes neonatais. (EDMOND et al., 2006)

Evita diarréia

Há fortes evidências de que o leite materno protege contra a diarréia, principalmente
em crianças mais pobres. É importante destacar que essa proteção pode diminuir
quando o aleitamento materno deixa de ser exclusivo. Oferecer à criança amamentada
água ou chás, prática considerada inofensiva até pouco tempo atrás, pode dobrar o risco
de diarréia nos primeiros seis meses. (BROWN et al., 1989; POPKIN et al., 1992)
Além de evitar a diarréia, a amamentação também exerce influência na gravidade
dessa doença. Crianças não amamentadas têm um risco três vezes maior de desidratarem
e de morrerem por diarréia quando comparadas com as amamentadas. (VICTORIA
et al., 1992)

Evita infecção respiratória

A proteção do leite materno contra infecções respiratórias foi demonstrada em vários
estudos realizados em diferentes partes do mundo, inclusive no Brasil. Assim como
ocorre com a diarréia, a proteção é maior quando a amamentação é exclusiva nos primeiros
seis meses. Além disso, a amamentação diminui a gravidade dos episódios de infecção
respiratória. Em Pelotas (RS), a chance de uma criança não amamentada internar
por pneumonia nos primeiros três meses foi 61 vezes maior do que em crianças amamentadas
exclusivamente (CESAR et al., 1999). Já o risco de hospitalização por bronquiolite
foi sete vezes maior em crianças amamentadas por menos de um mês. (ALBERNAZ;
MENEZES; CESAR, 2003)
O aleitamento materno também previne otites. (TEELE; KLEIN; ROSNER, 1989)

Diminui o risco de alergias

Estudos mostram que a amamentação exclusiva nos primeiros meses de vida diminui
o risco de alergia à proteína do leite de vaca, de dermatite atópica e de outros tipos de
alergias, incluindo asma e sibilos recorrentes (VAN ODIJK et al., 2003). Assim, retardar
a introdução de outros alimentos na dieta da criança pode prevenir o aparecimento de
alergias, principalmente naquelas com histórico familiar positivo para essas doenças.
A exposição a pequenas doses de leite de vaca nos primeiros dias de vida parece
aumentar o risco de alergia ao leite de vaca. Por isso é importante evitar o uso desnecessário
de fórmulas lácteas nas maternidades.

Diminui o risco de hipertensão, colesterol alto e diabetes

Há evidências sugerindo que o aleitamento materno apresenta benefícios em longo
prazo. A OMS publicou importante revisão sobre evidências desse efeito (HORTA et al.,
2007). Essa revisão concluiu que os indivíduos amamentados apresentaram pressões sistólica
e diastólica mais baixas (-1,2mmHg e -0,5mmHg, respectivamente), níveis menores
de colesterol total (-0,18mmol/L) e risco 37% menor de apresentar diabetes tipo 2.
Não só o indivíduo que é amamentado adquire proteção contra diabetes, mas também
a mulher que amamenta. Foi descrita uma redução de 15% na incidência de diabetes
tipo 2 para cada ano de lactação (STUEBE et al., 2005). Atribui-se essa proteção a uma
melhor homeostase da glicose em mulheres que amamentam.
A exposição precoce ao leite de vaca (antes dos quatro meses) é considerada um
importante determinante do Diabetes mellitus Tipo I, podendo aumentar o risco de seu
aparecimento em 50%. Estima-se que 30% dos casos poderiam ser prevenidos se 90%
das crianças até três meses não recebessem leite de vaca. (GERSTEIN, 1994)

Reduz a chance de obesidade

A maioria dos estudos que avaliaram a relação entre obesidade em crianças maiores
de 3 anos e tipo de alimentação no início da vida constatou menor freqüência de sobrepeso/
obesidade em crianças que haviam sido amamentadas. Na revisão da OMS sobre
evidências do efeito do aleitamento materno em longo prazo, os indivíduos amamentados
tiveram uma chance 22% menor de vir a apresentar sobrepeso/obesidade (DEWEY,
2003). É possível também que haja uma relação dose/resposta com a duração do aleitamento
materno, ou seja, quanto maior o tempo em que o indivíduo foi amamentado,
menor será a chance de ele vir a apresentar sobrepeso/obesidade. Entre os possíveis
mecanismos implicados a essa proteção, encontram-se um melhor desenvolvimento da
auto-regulação de ingestão de alimentos das crianças amamentadas e a composição única
do leite materno participando no processo de “programação metabólica”, alterando, por
exemplo, o número e/ou tamanho das células gordurosas ou induzindo o fenômeno de
diferenciação metabólica. Foi constatado que o leite de vaca altera a taxa metabólica durante
o sono de crianças amamentadas, podendo esse fato estar associado com a “programação
metabólica” e o desenvolvimento de obesidade. (HAISMA et al., 2005)

Melhor nutrição

Por ser da mesma espécie, o leite materno contém todos os nutrientes essenciais
para o crescimento e o desenvolvimento ótimos da criança pequena, além de ser mais
bem digerido, quando comparado com leites de outras espécies. O leite materno é capaz
de suprir sozinho as necessidades nutricionais da criança nos primeiros seis meses e continua
sendo uma importante fonte de nutrientes no segundo ano de vida, especialmente
de proteínas, gorduras e vitaminas.

Efeito positivo na inteligência

Há evidências de que o aleitamento materno contribui para o desenvolvimento
cognitivo. A maioria dos estudos conclui que as crianças amamentadas apresentam vantagem
nesse aspecto quando comparadas com as não amamentadas, principalmente
as com baixo peso de nascimento. Essa vantagem foi observada em diferentes idades,
(ANDERSON; JOHNSTONE; REMLEY, 1999) inclusive em adultos (HORTENSEN et al., 2002). Os mecanismos envolvidos na possível associação entre aleitamento materno
e melhor desenvolvimento cognitivo ainda não são totalmente conhecidos. Alguns
defendem a presença de substâncias no leite materno que otimizam o desenvolvimento
cerebral; outros acreditam que fatores comportamentais ligados ao ato de amamentar e
à escolha do modo como alimentar a criança são os responsáveis.

Melhor desenvolvimento da cavidade bucal

O exercício que a criança faz para retirar o leite da mama é muito importante para
o desenvolvimento adequado de sua cavidade oral, propiciando uma melhor conformação
do palato duro, o que é fundamental para o alinhamento correto dos dentes e uma
boa oclusão dentária.
Quando o palato é empurrado para cima, o que ocorre com o uso de chupetas e
mamadeiras, o assoalho da cavidade nasal se eleva, com diminuição do tamanho do espaço
reservado para a passagem do ar, prejudicando a respiração nasal.
Assim, o desmame precoce pode levar à ruptura do desenvolvimento motor-oral
adequado, podendo prejudicar as funções de mastigação, deglutição, respiração e articulação
dos sons da fala, ocasionar má-oclusão dentária, respiração bucal e alteração motora-
oral.

Proteção contra câncer de mama

Já está bem estabelecida a associação entre aleitamento materno e redução na
prevalência de câncer de mama. Estima-se que o risco de contrair a doença diminua
4,3% a cada 12 meses de duração de amamentação. (COLLABORATIVE GROUP ON
HORMONAL FACTORS IN BREAST CANCER, 2002) Essa proteção independe de idade,
etnia, paridade e presença ou não de menopausa.

Evita nova gravidez

A amamentação é um excelente método anticoncepcional nos primeiros seis meses
após o parto (98% de eficácia), desde que a mãe esteja amamentando exclusiva ou
predominantemente e ainda não tenha menstruado (GRAY et al., 1990). Estudos comprovam
que a ovulação nos primeiros seis meses após o parto está relacionada com o
número de mamadas; assim, as mulheres que ovulam antes do sexto mês após o parto
em geral amamentam menos vezes por dia que as demais.

Menores custos financeiros

Não amamentar pode significar sacrifícios para uma família com pouca renda. Em
2004, o gasto médio mensal com a compra de leite para alimentar um bebê nos primeiros
seis meses de vida no Brasil variou de 38% a 133% do salário-mínimo, dependendo
da marca da fórmula infantil. A esse gasto devem-se acrescentar custos com mamadeiras,
bicos e gás de cozinha, além de eventuais gastos decorrentes de doenças, que são mais
comuns em crianças não amamentadas.

Promoção do vínculo afetivo entre mãe e filho
Acredita-se que a amamentação traga benefícios psicológicos para a criança e para
a mãe. Uma amamentação prazerosa, os olhos nos olhos e o contato contínuo entre
mãe e filho certamente fortalecem os laços afetivos entre eles, oportunizando intimidade,
troca de afeto e sentimentos de segurança e de proteção na criança e de autoconfiança
e de realização na mulher.
Amamentação é uma forma muito especial de comunicação entre a mãe e o bebê e
uma oportunidade de a criança aprender muito cedo a se comunicar com afeto e confiança.

Melhor qualidade de vida

O aleitamento materno pode melhorar a qualidade de vida das famílias, uma vez
que as crianças amamentadas adoecem menos, necessitam de menos atendimento médico,
hospitalizações e medicamentos, o que pode implicar menos faltas ao trabalho dos
pais, bem como menos gastos e situações estressantes. Além disso, quando a amamentação
é bem sucedida, mães e crianças podem estar mais felizes, com repercussão nas
relações familiares e, conseqüentemente, na qualidade de vida dessas famílias.

PRODUÇÃO DO LEITE MATERNO




Nenhum comentário: