´Quando eu não puder mais pisar na avenida. Quando as minhas pernas não puderem aguentar...´

A bela morena tem contado com a força da mãe, dos amigos e do samba para dar a volta por cima e retornar ao cotidiano normal.
Há quase um ano, Priscila praticamente morreu devido a um erro médico ocorrido em um grande hospital de Manaus. Ela ficou paraplégica, muda e cega por alguns meses devido a um choque anafilático causado por medicação errada.
Uma dor de cabeça somada à dormência do lado esquerdo do corpo mais a negligência médica culminou em um dos piores momentos da fisioterapeuta.
“Eu praticamente morri devido ao erro médico. Avisei que não podia tomar três remédios e eles aplicaram os ditos remédios. Fiquei paraplégica, enfartei e fiquei internada por mais de sete dias. Saí do hospital tetraplégica. Morri e renasci. Ainda não foi a minha vez e nem será”, disse.
Priscila, que é conhecidíssima no Carnaval amazonense uma vez que em 20 anos de carreira desfilou em várias escolas de samba da capital, ressaltou que pensou em morrer ao se ver nessa situação. A fisioterapeuta, agitada e “plugada nos 220 volts” não se mexia, não falava e nem enxergava.
“Eu tentava abrir o olho e não conseguia. Tentava falar e não conseguia. Tentei andar, mas caí. Foi quando eu pedi para Deus me levar, pois parecia ter chegado o meu fim naquele momento. É muito difícil para uma pessoa normal passar a depender de tudo, das pessoas. Foi cruel”, relembrou.
Apaixonada pela escola de samba Aparecida, ela disse que a esperança e a força em viver vieram à tona quando passou a falar e enxergar novamente. “Foi quando percebi que com tratamento e ajuda de Deus eu iria vencer tudo aquilo. Aquela dificuldade iria passar. Foi neste momento que pessoas que eu não esperava, me ajudaram”, destacou.
Os sambistas amazonenses e os colegas de trabalho ajudaram a fisioterapeuta com recursos arrecadados em feijoadas e eventos carnavalescos. Priscila relembrou que em março do ano passado, mesmo na cadeira de rodas, acabou quebrando um tabu da escola Aparecida.
“A Grande Família fez uma feijoada na quadra dela para mim. E nesse dia aconteceu algo jamais feito pela Aparecida. A minha escola levou o mestre Zé Carlos e a Universidade do Samba (bateria da Pareca) para a quadra da escola A Grande Família. Nunca a Aparecida tinha entrado naquele lugar. E por mim, ela foi tocar. Aquilo foi um sonho maravilhoso que me motivou ainda mais na recuperação. Foi uma festa linda”, contou a sambista.
Priscila afirmou que, mesmo afundada no problema, não abandonou a esperança de viver. Guerreira e dedicada, ela não perdeu a alegria estampada no lindo sorriso e nem a autoestima. A fisioterapeuta contou que apesar de estar impossibilitada de andar, continuou os estudos e se formou na sua área: fisioterapia.
“Não parei mais de ter esperanças. Sei que isso é uma fase na minha vida e eu vou sair dessa vitoriosa. Minha formatura eu passei de cadeira de rodas. A minha força é tanta que já estou terminando a minha pós-graduação em dermatofuncional. A tristeza bate, mas eu tenho que continuar. Não posso desistir”.
A musa de bateria revelou ainda que o acidente fez com que ela sentisse e vivenciasse a dor de um paciente.
“Sinto cada dor das diferentes patologias e o desespero de querer voltar a ter uma vida normal. Sentir que você tem vontade de fazer tudo, mas que tem uma limitação. Por isso eu posso entender a vida de um paciente”, declarou a bela sambista, que ressaltou que não sabe o tempo exato quando voltará a andar. “Pode ser daqui a um mês, um ano. Não importa. O importante é que eu vou ficar boa e sair dessa”, completou.
No próximo dia 28 de fevereiro completará um ano do choque anafilático que deixou Priscila Carla paraplégica. Quase 365 dias depois, a morena já dá os primeiros passos em busca da volta dos movimentos das pernas. “Mas não posso forçar”, frisou.
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