Com 14,5% da população
nacional apresentando algum tipo de deficiência, o esporte adaptado
ganha força como oportunidade para uma nova vida

Isso porque, para além das di?culdades físicas aparentes, é possível que existam outras complicações que devem ser investigadas. “Esse cuidado facilita o conhecimento das sequelas e dos sistemas orgânicos comprometidos, direta ou indiretamente”, explicam os ?sioterapeutas Maria Salete Conde e Marco Antonio Ferreira Alves, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
O aspecto psicológico também deve ser considerado, pois “aquele que já nasceu com uma de?ciência, nunca se viu sem ela, e sempre vivenciou essa condição. O desa?o é aprender a se ver de outra maneira e se adaptar a um novo estado”, explica Iracema Madalena, psicóloga da Associação de Assistência à Criança De?ciente (AACD). Nos casos de de?ciência adquirida, é preciso conferir-lhes tempo para “trabalhar o próprio luto pela mudança ocorrida”, completa.
Preparação
A iniciativa de incorporar a atividade física num processo de recuperação pressupõe aceitação da de?ciência. “Isso não signi?ca acomodação. A adaptação gradativa a essas situações é um processo muito diferente em cada caso”, a?rma a psicóloga. O médico que acompanha o caso normalmente indica uma modalidade esportiva, mas nunca a impõe. A pessoa é sempre livre para escolher as opções que mais lhe agradem. Esse é o caso de Iezza Sousa, de 14 anos, que pratica natação, remo e capoeira na AACD.
Mesmo com as duas pernas desarticuladas até o joelho, é muito rápida ao nadar e remar e já ganhou mais de 30 medalhas em competições. “Quando tive que desarticular o joelho achei que a minha vida havia acabado. Mas, a partir da primeira competição que participei senti que poderia fazer isso. Ainda existem pessoas que não acreditam nesse tipo de esporte e que você pode fazer várias coisas mesmo com uma de?ciência, quando se vence uma prova ?ca provado que você é capaz, e você se sente assim”, conta.
Vanderson Silva, que perdeu a perna esquerda em um acidente, é outro atleta paralímpico, recordista em lançamento de disco, que passou por várias modalidades esportivas. Contudo, nem todas as pessoas se adaptam ou têm o per?l competitivo para se tornar um atleta pro?ssional. “Existem aqueles para quem o fato de conseguir entrar em uma piscina sozinhos já é uma realização”, explica Edna Garcez, da AACD. “A forma de conquistar essas metas depende só da dedicação e esforço de cada um”, diz.
Estratégias de treino
Com a ajuda de bons especialistas é possível montar o treino ideal para cada tipo de atleta. “O educador físico vai atentar à e?ciência do movimento, fortalecimento, compensação, velocidade e à ação muscular nos pontos que a modalidade exige”, a?rma Cassiano Luis Ribeiro da Costa, especialista do Centro de Bem-Estar Levitas (SP). Segundo ele, “ganho de massa muscular em todos os membros e tronco, de forma equilibrada, previne danos e recupera movimentos”. Também é um trabalho de preparação para uma possível prótese”, esclarece Pablius Staduto Braga Silva, médico do Grupo Fleury Medicina e Saúde.
Para os que querem praticar esportes, mas com o intuito de benefício para a saúde e sem a pretensão de se tornarem atletas, “a di?culdade e o desa?o são equivalentes, mas os limites não. A diferença está na intensidade do treino para ambos, pois o modelo pode ser igual”, comenta Cassiano Costa.
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