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quinta-feira, 4 de abril de 2013

Endocardite infecciosa

Definição
  • É o acometimento infeccioso do endocárdio, causado por bactérias (>95% da vezes) ou fungos;
  • Endocárdio valvar, endocárdio das comunicações interventriculares, aorta com coarctação e próteses valvares;
Classificação
  • Tempo de evolução
    • Aguda
      • Quadro exuberante;
      • Maior lesão tecidual;
      • Complicações precoces
  • Agente infectante
    • Endocardite pelo Staphylococcus aureus;
  • Subaguda:
    • Baixa virulência,
    • Insidiosa
      • Endocardite pelo Streptoccocus viridans.
Epidemiologia
  • EI é menos freqüente em crianças do que em adultos;
  • Países desenvolvidos:
    • Responsável por 1 em cada 1300-2000 internações pediátricas anualmente;
    • Aumento da incidência em crianças com alteração da epidemiologia:
      • melhora na sobrevida dos pacientes com cardiopatia congênita complexa;
      • técnicas cirúrgicas cada vez mais inovadoras;
      • a expansão da assistência neonatal para crianças mais jovens e menores;
      • uso mais freqüente de cateteres venosos centrais;
  • No Brasil:
    • O maior percentual encontra-se na faixa etária entre 11 e 30 anos;
    • A doença reumática é responsável pela maioria dos casos de endocardite bacteriana em crianças;
    • As cardiopatias congênitas predominam em pacientes menores que 10 anos;
Etiologia
  • Estreptococcus do grupo viridans:
    • S. mutans, S. mitis, S. intermedius e S. sanguis;
    • Mais comum na endocardite infecciosa (EI) comunitária em valvas nativas;
    • Normalmente habita orofaringe;
    • Instalação subaguda ou aguda.
  • Staphylococcus aureus:
    • Mais comum nas EI associadas ao uso de drogas endovenosas (60% dos casos);
    • Apresenta febre elevada e progressão rápida da EI;
    • Principal agente de endocardite aguda em valva nativa.
  • Enterococos:
    • 15% de todos os casos de Endocardite Infecciosa (EI);
    • Estão relacionadas a infecções ou manipulação do trato urinário;
    • Enterococcus faecalis e Enterococcus faecium;
    • Segundo agente causador de endocardite subaguda.
  • Estafilococos coagulase-negativos:
    • Mais importante na EI de prótese valvar;
    • Apresentação geralmente subaguda.
  • Grupo HACEK:
    • Haemophilus, Actinobacillus actinomycetemcomitans, Cardiobacterium hominis, Eikenella corrodens e espécies de Kingella;
    • Responsável por 5% dos casos de endocardite;
    • Agente causador de EI subaguda em valvas nativas e EI em valvas protéticas;
    • Podem ser necessários 14 a 21 dias para crescerem em hemoculturas.
  • Fungos:
    • Aspergillus e Candida spp;
    • Uso de drogas intravenosas;
    • Cirurgia cardíaca recente;
    • Cateteres vasculares de uso prolongado.
  • Outros estreptococos:
    • Estreptococos do grupo A (raro), grupo B e grupo D (E. bovis)
  • Outras bactérias Gram negativas:
    • P. aeruginosa, E coli, Klebsiela-Enterobacter sp e Salmonella sp, Serratia marcescens, Neisseria gonorrhoeae.
Principais agentes infecciosos quanto ao tipo de valva acometida
    EVN EPV - Precoce (< 2m) EPV - INtermediária (2m a 12m) EPV - tardia (< 12m)
    Streptococcus viridans Estafilococo coagulase -negativo Estafilococo coagulase-negativo Estreptococo
    S. aureus S. aureus Enterococos S. aureus
    Enterococos Enterococos S. aureus Estafilococo coagulase-negativo
    HACEK Fungos Fungos Enterococos
  • EVN: Endocardite de Valva Nativa
  • EPV: Endocardite de Prótese Valvar
Patogênese e Fisiopatologia
  • Lesão endotelial
    (principalmente conseqüente à lesão de jato em valvopatias e cardiopatias congênitas)
    • Deposição de plaquetas e fibrina
      • Endocardite trombótica estéril
        • Bacteremia
          • Formação de vegetação infecciosa
            • Crescimento da vegetação
Quadro Clínico
  • Febre – 95%; Sopro – 85%
  • Sintomas inespecíficos:
    • Fraqueza, emagrecimento, mialgias, artralgias, artrites e dores lombares;
  • Fenômenos embólicos:
    • Petéquias, nódulos de Osler, lesões de Janeway e hemorragias subungueais, manchas de Roth;
  • Esplenomegalia;
  • Anormalidades neurológicas;
  • Sintomas de insuficiência cardíaca congestiva.
Manisfestações Clínicas
  • Petéquias
  • Nódulos de Osler
  • Lesões de Janeway
  • Hemorragia subungueal
  • Manchas de Roth
Diagnóstico
  • Clínico:
    • Sopro cardíaco e Febre;
  • Exames Laboratoriais de Rotina;
  • Hemocultura;
  • Eco cardiograma;
  • Radiologia;
  • Eletrocardiograma;
  • Definitivo:
    • encontro de microorganismos na vegetação ou estudo patológico.
Tratamento
  • Drogas por via intravenosa;
  • Doses altas (garantindo níveis séricos bastante superiores ao MIC);
  • Terapia com duração prolongada;
  • Início da antibioticoterapia:
    • Endocardite Aguda: logo após as 3 primeiras amostras.
    • Endocardite Subaguda: após o resultado das hemoculturas.
  • Antibioticoterapia Empírica:
    • Endocardite Aguda (não usuários de drogas IV):
      • Oxacilina 2g de 4/4h + Gentamicina 1mg/Kg de 8/8h;
    • Endocardite Aguda (usuários de drogas IV):
      • Vancomicina 1g 12/12h + Gentamicina 1mg/Kg 8/8h;
    • Endocardite Subaguda:
      • Penicilina G cristalina 4 milhões UI de 4/4h + Gentamicina 1mg/Kg de 8/8h;
    • Endocardite de Valva Protética (Precoce):
      • Vancomicina 1g 12/12h + Gentamicina 1mg/Kg 8/8h;
Tratamento Empírico
  • EI em válvula nativa, adquirida na comunidade ou pós operatório tardio (> 60 d)

    Tratado de Pediatria,2007
  • EI nosocomial associado a cateter ou pós-operatório precoce:

    Tratado de Pediatria,2007
  • Estreptococos sensíveis à penicilina (CIM < 0,1 mcg/ml):

    Tratado de Pediatria,2007
    * Ainda há pouca experiência na população pediátrica no esquema de dose única diária.
    Obs1.: no caso de CIM > 0,1 mcg/ml, sempre adicionar gentamicina.
    Obs2.: para alérgicos à penicilina, vancomicina + gentamicina.
  • Enterococos:
  • Estafilococos sensíveis à oxacilina:

    Tratado de Pediatria,2007
    * Com ou sem rifampicina.
    Tratado de Pediatria,2007
    * Com ou sem rifampicina.
Tratamento - El fúngica
  • Metanálise tratamento clínico vs. cirúrgico:
    • Monoterapia fúngica s/ associação com cirurgia
    • Dois ou mais agentes fúngicos s/ cirurgia
    • Intervenção cirúrgica adjuvante
  • Nenhum estudo randomizado foi conduzido utilizando novos agentes antifúngicos.
    Candida Endocarditis, 2008.
Tratamento
  • Outras bactérias Gram negativas (enterobactérias):
    • Basear-se no antibiograma; tempo de tto > 6 semanas;
Indicações Cirúrgicas
  • Hemoculturas positivas após 1 semana de ATB;
  • Abscesso na valva ou no miocárdio;
  • Um ou mais eventos embólicos importantes durante as primeiras 2 semanas de tratamento;
  • Ruptura dos folhetos ou cordas valvares, ruptura do seio da aorta e do septo interventricular, ou insuficiência valvar aguda com ICC intratável.
Profilaxia
  • Atividades cotidianas causam bacteremia numa proporção tão ou mais significativa que os procedimentos dentários
  • Apenas 5% das endocardites seriam prevenidas com a profilaxia
  • Higiene oral
  • Lesões de alto risco que não merecem profilaxia segundo o Guideline 2007
    • Ducto arterioso patente;
    • Regurgitação Aórtica;
    • Estenose Aórtica;
    • Regurgitação Mitral;
    • Dupla lesão mitral;
    • Comunicações interventriculares (CIV)
    • Coarctação da aorta.
  • Procedimentos com recomendação de profilaxia no Guideline 2007
    • Procedimentos odontológicos com grande manipulação do tecido gengival;
    • Manipulação da região periapical dos dentes;
    • Procedimento oral com perfuração da mucosa orofaríngea (cirurgias do trato respiratório alto).
  • Outros procedimentos com indicação de profilaxia
    • Cateterismo vesical na vigência de infecção*
    • Parto vaginal complicado por infecção*
    • Drenagem de tecido infectado*
  • Procedimentos em que a profilaxia não é recomendada no Guideline 2007
    • Procedimentos dentários que não causem sangramento;
    • Injeção intraoral ou anestesia local;
    • Queda de dente descíduo;
    • Timpanotomia, mesmo com tubo;
    • Entubação endotraqueal;
    • Cateterismo cardíaco;
  • Procedimentos em que a profilaxia não é recomendada no Guideline 2007, mesmo em pacientes de alto risco
    • Cesareana , parto vaginal não complicado, DIU e procedimentos de esterilização - desde que sem infecção*
    • Cateterismo vesical na ausência de infecção*
    • Broncoscopia com tubo flexível*
    • Endoscopia gastrointestinal com ou sem biopsia*
  • Regime "standart"de profilaxia
    • Procedimentos dentários, orais e trato respiratório superior
      • Amoxacilina, 2,0 g VO (adultos) 50mg/Kg (crianças) em dose única;
    • Droga alternativa no caso de hipersensibilidade
      • Cefalexina,  2,0 g VO (adultos) 50mg/Kg (crianças) em dose única;
      • Clindamicina 600mg VO (adultos) 20mg/Kg (crianças) em dose única, Azitromicina ou Claritromicina 500mg VO (adultos) 15mg/Kg (crianças) em dose única 1 hora antes do procedimento.
  • Regime de profilaxia "standart" parenteral
    • Indicado quando a via oral não é disponivel
      • Ampicilina, 50mg/kg IM ou IV;
    • Droga alternativa no caso de hipersensibilidade
      • Clindamicina 20mg/kg EV 30 minutos a 1 hora antes do procedimento;
      • Cefazolina ou Ceftriaxone 50mg/kg IM ou IV.
  • Administrar a dose a partir de 2 horas antes do procedimento
    • ideal entre 30 minutos e 1 hora de  antecedência;
    • pode ser administrada até 2 horas após o procedimento.

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